A história da Loli não começa no começo. Não, não pode começar no começo, porque gerou-se no meio, entrelaçada em um emaranhado de outras histórias, memórias, e vivências. Aliás toda história começa com a história de um outro alguém, assim sendo, eu não poderia contar sobre a Loli sem contar quem sou, e não poderia fazer isso sem dizer quem fui. Então sente-se e relaxe porque essa é uma história difícil; Não carrega magia e, não, não termina com “e viveram felizes para sempre”. Aliás, não garanto nem que todos “vivam” até o fim dessa história. O quê? dramático? Ora minha folha, não te contaram? A vida é um drama. E no final, todos morremos.

 

    Eu tinha uma família tranquila. Não éramos ricos. Não éramos miseráveis. Éramos cinco. Éramos nós. E era bom assim. Minha mãe e meu pai eram incríveis juntos — o tipo de casal que se completa, daqueles que você não imagina um sem o outro. Minhas duas irmãs também eram boas. Acho que éramos como todo grupo de irmãos: do tipo que ri junto, que briga por bobagens, que guarda segredos a sete chaves e cobra o silêncio com louças lavadas ou um lanche caprichado. Independente da situação, estávamos juntos. E, sabe... era bom assim. Realmente era bom.

Mas como toda história, aconteceu um contratempo. Meu pai descobriu um tumor de câncer se espalhando pelo corpo, e isso não foi nada bom. Mas, como eu disse, independente da situação, estávamos juntos — e isso não mudou. Começaram os tratamentos. Ao todo, lutamos quatro longos anos contra o câncer. Quatro anos que pareceram dez. Sabe, minha folha, parece que o tempo pausa quando queremos que ele corra, e corre quando desejamos pausá-lo.

No quarto ano de nossa luta, meu pai piorou. Perdeu os movimentos das pernas e, aos poucos, a força nos braços. Eu e minha mãe cuidávamos dele 24 horas por dia, revezando nas madrugadas. Ela cuidava da higiene, eu dos remédios e da alimentação. Foram dias longos e madrugadas ainda maiores.

Mas engana-se quem pensa que eu ficava a noite inteira chorando ao lado dele esperando um chamado. Embora eu estivesse sempre ali se preciso, quando meu pai dormia, eu partia para outros lugares: visitei acampamentos de jovens semideuses, terras onde o rei era o vilão e o vilão merecia ser herói. Vi inimigos se apaixonarem, e jornalistas trocarem cartas com uma máquina de escrever mágica. E sim, foram noites terríveis... mas sabe, não tão terríveis assim.

Nessas noites eu li sobre o amor, mas também sobre garotas frágeis, improváveis e desvalorizadas que se tornavam rainhas. Que venciam batalhas. Que se tornavam fortes e protagonistas de suas próprias histórias.

E como você já deve imaginar, meu pai faleceu, isso aconteceu em abril de 2024.
Meu pai, que a gente não imaginava sem minha mãe — nem minha mãe sem ele.
Meu pai, que fazia com que fôssemos cinco.
Meu pai, que fazia a família ser tranquila.
Meu paizinho, que fazia com que nós fôssemos nós. E isso era bom. Realmente era bom.

Hoje ainda estamos juntando nossos cacos. Sabe, querida folha, temo que quanto mais forte a quebra, em mais pedaços nos partimos. E é difícil encontrar os pedacinhos pequenos. Mas estar quebrado não significa estar destruído. Não mesmo.

Depois de alguns meses, acordei com um nome na cabeça (sim, simples assim). O nome era LOLI — Loja Literária. E decidi criar algo no meio do emaranhado de dor que sentia. Algo que expressasse e trouxesse esperança. Algo que fizesse alguém, alguém que enfrenta dores como a minha, sentir-se compreendido, valorizado, respeitado. Algo que fizesse alguém quebrado... sonhar.  E sabe, os livros fazem isso. E eu acredito nisso. Livros ensinam, divertem e também curam.

Desde então, tenho regado a LOLI dia após dia. Sei que vamos crescer aos poucos. E você também é parte disso. O seu apoio nos faz crescer. Você é uma das nossas preciosas folhas — e é vital para nós, o que nos mantém viva.

 

A Loli tem alma, tem essência, tem comprometimento. Nos comprometemos em fazer seu dinheiro valer a pena e em oferecer uma experiência literária respeitosa, que valorize sua trajetória como leitor(a), e que celebre sua vivência e seu amor por histórias e personagens.

Porque tudo o que amamos, amamos porque nos encontramos ali. Suas histórias preferidas são parte de você. Talvez uma parte que você ainda não encontrou — mas que está aí, pronta para despertar.

É uma honra fazer parte da sua jornada literária e te ajudar a encontrar coragem, amor, verdade e a força que os personagens inspiram — e que já existe em você.

Seja autêntica, querida folha.

🌿 Seja bem-vinda à Loli — a nossa loja literária. 🌿